De doer o coração

Estava voltando para a empresa depois de uma volta de rua agora a tarde, quando vi um homem de uns 30 e poucos anos, sem camisa, sujo, pés no chão, revirando um container de lixo que fica em frente ao nosso prédio. A imagem era de doer. O cara não podia ser mais magro, e só tinha músculos porque, com certeza, deve fazer força catando papelão pela cidade.

Eu tenho a mania de rezar pelas pessoas quando as vejo em uma situação muito ruim. Sei lá, peguei isso e de vez em quando sai sem querer. Pedi que Deus acompanhasse aquele homem, tornando a vida dele um pouco menos dolorida.

Depois segui e fiz a volta na quadra para guardar o carro na garagem. Quando estava chegando, vejo novamente o homem revirando outro container de lixo. Não aguentei a cena. Saí do carro e perguntei se ele estava com fome. Prontamente ele me respondeu que sim, então pedi que ele esperasse que eu traria um lanche. Na verdade, a minha preocupação não foi tanto em relação a fome, mas sede. Hoje fez 33 graus na sombra aqui! Sei que não existe altruísmo quando se “divulga” um ato de caridade. Meu objetivo não é esse. É que a cena foi tão chocante que me deu vontade de chorar.

Comprei dois pastéis, um enroladinho de salsicha, uma Coca-Cola e uma água e entreguei a ele, que estava sentado na calçada, na sombra. Quando o chamei, ele estendeu a mão e olhou pra mim com uma cara incrédula que dizia “eu não mereço isso”. O homem nem conseguiu agradecer, coitado. Mas, pelo rosto dele, eu sei que ele ficou muito grato. Foi de chorar mesmo. Voltei engolindo o choro para o escritório.

O que eu quero dizer contando isso é que me doeu ainda mais porque pensei: “Quanta gente passando fome, quanta gente fazendo dieta”. Eu sei que a miséria as vezes também gera obesidade...mas me refiro a desigualdade gigantesca entre pessoas como este homem e a gente.

Fica a reflexão.

Mais tarde posto como foi a R.A. de ontem e hoje, e ainda a primeira aula de HIDROMIX, que foi demais! Até mais!